NO PRINCÍPIO ERA…

O projeto envolve desde o início jornalistas e investigadores de jornalismo e comunicação na formação de professores e, indiretamente, de alunos sobre os desafios que hoje se colocam à importante função de mediar e escrutinar a realidade.

O projeto foi inicialmente financiado pela Direção-Geral da Educação e pelo Cenjor, e contou com o Alto Patrocínio do Presidente da República.

A HISTÓRIA

2017

  • A história do projeto remonta a janeiro de 2017 quando, no 4.º Congresso dos Jornalistas Portugueses, se aprovou uma moção considerando urgente promover a literacia para os media.

2017

  • Na sequência do Congresso, o Sindicato dos Jornalistas apresentou ao Ministério da Educação uma proposta de intervenção nessa área, concebida por jornalistas e académicos da área da comunicação.

2017

  • Numa primeira fase, uma centena de jornalistas e outros profissionais com ligações ao jornalismo e/ou academia participou num seminário de dois dias sobre o tema, com apoio do Cenjor – são estes que depois integraram as primeiras equipas para a formação dos docentes.
  • A formação dos membros da bolsa de formadores foi feita em duas datas: 1 e 2 de dezembro (Lisboa, nas instalações do Cenjor); 8 e 9 de dezembro (Porto,Polo das Indústrias Criativas da UPTEC).

2018

  • O projeto decorreu inicialmente em cinco escolas (selecionadas pela DGE), uma por área educativa do Continente, tendo esta fase terminado em maio de 2019.

2019

  • Dois anos depois, em 2019, o projeto arrancava em todo o Continente, estendendo-se aos Açores em 2020.

2020

  • Em 2020 o projeto transformou-se e foi formalizado como Associação Literacia para os Media e Jornalismo.

2021

  • A ALPMJ alarga a sua atividade, começado a participar em projetos com outras entidades, como o consórcio de investigação IBERIFIER - Observatório Ibérico da Desinformação, parte do European Digital Media Observatory e financiado pela Comissão Europeia; ou com a RTP Ensina, com quem produziu uma coleção de materiais didáticos (em texto e vídeo) sobre literacia dos media.

O COMITÉ EXECUTIVO

O projeto inicial foi planeado e organizado por um comité executivo de 10 especialistas capacitados para darem formação, escolhidos pelo SJ:

ADELINO GOMES

ANTÓNIO GRANADO

ISABEL NERY
COORDENADORA

MANUEL PINTO

MIGUEL CRESPO
COORDENADOR

RICARDO ALEXANDRE

SOFIA BRANCO
COORDENADORA

TIAGO DIAS

VANESSA RIBEIRO RODRIGUES

VITOR TOMÉ
COORDENADOR

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

O projeto Literacia para os Media e Jornalismo (LMJ) envolve docentes dos vários graus e das diferentes áreas de Ensino. Depois de terem sido formados 100 docentes nas cinco oficinas realizadas em 2019, cerca de 120 iniciaram oito oficinas, entre fevereiro e março de 2020, entretanto suspensas devido à pandemia. No ano letivo 2020/2021 são retomadas essas oficinas e iniciadas duas outras, online, com docentes do Pré-escolar e do 1º Ciclo.

Estas duas oficinas estão marcam ainda uma parceria com o projeto “Academia de Cidadania Digital”, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e implementado pela Cooperativa de Ensino Universitário (CEU), em parceria com o Agrupamento de Escolas de Caneças e com a União de Freguesias de Ramada e Caneças, no concelho de Odivelas.

PROFESSORES PARTICIPANTES

A primeira série de formações (2019) envolveu 100 professores (75 do sexo feminino) de todos os graus de ensino, predominando os do Secundário (92), sendo na sua maioria professores-bibliotecários. Mais de metade lecionava Português (44) e História (11). Os restantes lecionavam em áreas diversas, como: Inglês (8) Educação Visual (8), Informática (7), Biologia (5), Geografia (4), Física e Química (2), Música (2), Francês, Espanhol, Filosofia, Educação Física e Educação Moral e Religião Católica.

A tendência para a diversidade em termos de áreas de formação dos formandos manteve-se na segunda fase de formação, iniciada em fevereiro, com uma turma nos Açores (sete escolas de cinco ilhas), que decorre na Ilha do Pico, e continuada em março, com professores de cerca de 40 escolas, em sete cidades de Portugal Continental. As oito oficinas de formação vão ser concluídas online, até final do ano de 2020.

Entre setembro e dezembro de 2020 decorrem também duas oficinas de formação, totalmente online, destinadas a docentes do Pré-escolar e do 1º Ciclo, que contam com 30 formandos e formandas (15 por turma, que corresponde ao número máximo permitido). Estas duas oficinas marcam uma inovação do projeto ‘Literacia para os Media e Jornalismo’ e resultam de um aditamento aprovado pelo CCPFC, que permite alargar a oficina de formação àqueles dois níveis de ensino.

Estas duas oficinas estão marcam ainda uma parceria com o projeto “Academia de Cidadania Digital”, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e implementado pela Cooperativa de Ensino Universitário (CEU), em parceria com o Agrupamento de Escolas de Caneças e com a União de Freguesias de Ramada e Caneças, no concelho de Odivelas.

PROJETOS INTERDISCIPLINARES

Estratégias de combate à desinformação, organização de conferência de Imprensa, a criação e (re)dinamização de jornais e rádios (em articulação com rádios locais) e televisões escolares, um documentário sobre indisciplina e autoridade na escola ou novas iniciativas de informação e comunicação nas redes sociais (Instagram), foram alguns dos projetos apresentados, por docentes e alunos, no Encontro Nacional Literacia para os Media e Jornalismo, em setembro de 2019, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Os projetos de Literacia dos Media, desenvolvidos em escolas desde o Porto a Faro e de Lisboa à Guarda, estão marcados pela naturalidade com que as várias áreas disciplinares são envolvidas, não por pressão dos formadores, mas pelas necessidades identificadas, no seu curso, por alunos e docentes. Como referiu António Granado, formador do projeto LMJ, “encontrámos aquilo que eu esperava, ou seja, professores que agarram os projetos com bastante força e que se dedicam àquilo que fazem, desenvolvendo atividades muito interessantes, mesmo com poucos recursos”.

As apresentações mostraram ainda a importância da colaboração e cooperação entre alunos, entre docentes, entre alunos e docentes e de outros profissionais em presença na escola e na comunidade, designadamente os encarregados de educação. Os projetos coordenados pelos docentes foram, em vários casos, também liderados pelos alunos, abrindo caminho à autonomia e criatividade, à assunção da responsabilidade, resolução de problemas e ao desenvolvimento do sentido crítico. Os docentes destacaram, finalmente, a flexibilidade dos projetos e a necessidade de os jornalistas continuarem a dar apoio aos projetos após a formação.

AS AÇÕES DE FORMAÇÃO

O grupo que se juntou em Évora para formação durante o projeto-piloto (2019) trabalhou em conjunto sobre os problemas de indisciplina na escola
Évora 2019

Em Évora juntaram-se professores de diversos agrupamentos escolares do Alentejo, cobrindo uma área geográfica com escolas a mais de 100 km entre elas, mas o trabalho orientado por Paulo Barriga e Miguel Crespo, com o apoio especializado de Jacinto Godinho, reuniu todos os participantes num trabalho conjunto, em vídeo, sobre as questões relacionadas com a indisciplina na escola.

No Algarve os trabalhos desenvolvidos tiveram grande ligação à comunidade
Algarve 2019

Com apenas cinco manhãs de formação em Faro, os professores, guiados por Isabel Nery e Vitor Tomé, criaram sites de notícias, fizeram projetos de rádio e renovaram os sites e jornais escolares com a ajuda dos seus alunos (e nalguns casos, até dos pais).

O trabalho desenvolvido em Bragança foi muito focado no contexto escolar e social
Bragança 2019

A Oficina de Formação “Literacia dos media e jornalismo: práticas pedagógicas com os media e acerca dos media”, com a duração 40h (20h presenciais  e 20h trabalho autónomo), realizada em Bragança, decorreu na Escola Secundária de Emídio Garciacom os formadores Patrícia Posse e Daniel Catalão.

TESTEMUNHOS

“Trabalhámos em grupo, nem sempre na sala de aula, e só recorremos aos vários professores que trabalhavam connosco em último recurso. Publicámos textos no blogue da escola e aprendemos mais sobre as matérias de História e de Português”.

Iris Ferraz Sequeira - aluna, AE Santa Bárbara, Fânzeres

“Agora valorizo mais o trabalho dos jornalistas, pois pensava que era fácil, que estava tudo feito. O jornal “Ria Azul” não é só um jornal. É a consciência de todos. Ajudou muito à união da nossa turma. Há mais espírito de entreajuda. Antes, eu não conseguia falar em público e agora sou capaz”.

Iara de Sousa Baptista - aluna, AE João da Rosa, Olhão

“Começámos o projeto ‘Brigada de Notícias’ com o 5º Ano, articulado com a lógica da flexibilidade curricular e com a comunidade local. A ideia é continuá-lo com outros professores e alunos, alargando-o ao 3º Ciclo. Os alunos são os ‘brigadeiros’ que desconstroem mensagens media para perceberem como elas se constroem”.

Carla Martins - docente, AE de Azeitão

“Três professores de Português assumiram o projeto, sem tempo, sem uma turma para trabalharem e sem recursos. Tínhamos vontade de fazer um projeto e alunos com telemóvel. Chegámos a 23 alunos, de duas escolas, que decidiram avançar com uma página Instagram, projeto que foi aprovado pelo Conselho Pedagógico a 20 de março de 2019”.

Ana Mercedes Pescada - docente, AE de Caparica

RESULTADOS

Criar uma formação avançada em Literacia para os Media, implementar projetos comunitários, envolvendo jornalistas, em articulação com a Estratégia de Educação para a Cidadania da escola, são três das sete ideias centrais que resultaram da avaliação. É ainda necessário alargar o projeto a outros níveis de ensino, difundir boas práticas, monitorizar projetos e incluir docentes entre os formadores. Pode ver várias apresentações dos resultados públicos nesta página.

AVALIAÇÃO: A PALAVRA AOS FORMANDOS

Cerca de 90 dos 100 docentes que participaram na oficina de formação “Práticas pedagógicas com os media e acerca dos media” consideraram que os conteúdos (93%) e as metodologias (97%) foram adequados, perceberam melhor o funcionamento dos media (95%), pelo que a formação foi útil na sua atividade letiva (90%) e nas práticas com os alunos (92%).
Os docentes valorizaram ainda positivamente as instalações (90%) e o desempenho dos formadores (98%). Os dados foram recolhidos através de questionário (sete questões fechadas e três abertas) e, da sua análise emergiram três ideias-chave:
COLABORAÇÃO – Os docentes destacaram “a troca de experiências entre realidades profissionais distintas” (P70, Faro), o “apoio mais direto [de jornalistas] aos alunos” (P35, Lisboa), “a troca de experiências entre escolas” (P62, Évora) e “o trabalho colaborativo entre as salas de aula e a biblioteca escolar” (P32, Águeda);
CONTINUIDADE – De acordo com os docentes, a oficina de formação e o projeto contribuíram par aa continuidade de disciplinas, como a “Literacia dos Media”, e de “projetos existentes” (P11, Porto), mas também da ligação entre a escola e a comunidade, através “do jornal e da rádio” escolares (P24, Águeda) e o reforço da “cultura da escola” (P79, Porto).
SUSTENTABILIDADE – Consideraram os docentes que a oficina de formação deve “ser replicada em todas as cidades” (P19, Águeda), os projetos devem contar com a “colaboração periódica dos jornalistas” (P39, Lisboa), com mais recursos e “conteúdos aprofundados” (P51, Lisboa), sendo crucial “um apoio efetivo e eficaz da direção [da escola]” (P81, Faro).

ALGUNS PROJETOS SEGUNDO OS ALUNOS

“Ficámos mais desconfiados e mais atentos”, garantiram Rui Ribeiro e Rui Mendes, do AE do Cerco (Porto), que apostou num projeto sobre desinformação, tal como o fez o AE Afonso de Albuquerque (Guarda), que João Costa e Sara Lino consideraram “uma oportunidade espetacular”. No AE Laura Ayres (Quarteira), alunos e docentes aprenderam a identificar ‘fake news’, pois “muitos não sabem o suficiente para o fazer”, garantiu Nicoleta Manoli.
Iris Sequeira e Tiago Torres, do AE Santa Bárbara (Fânzeres), produziram notícias para o blogue da escola, com cuidado: “Como sabíamos que a notícia ia ser lida, não só pelos professores, mas também pelos pais, não pudemos inventar nada”. Quem inventou, mas o jornal “Ria Azul”, no AE João da Rosa (Olhão), foi o 7º B, do qual Iara Baptista e Sara Paulo destacam “o espírito de entreajuda da redação”.
Entreajuda foi a palavra-chave no documentário sobre indisciplina produzido pelos AE de Évora (nº2), Elvas (nº2) e Cuba, que Catarina Vargens e Maria S. Pedro esperam ver na Cuba TV, pois “vamos continuar este projeto”. Para continuar estão os podcasts e os videoblogues no AE de Azeitão, garantem Francisco Barão e Alexandre Rosa, pois as tarefas “ajudam a fazer trabalhos para outras disciplinas”.
Disciplina é regra para Maria Botelho, Mariana Rocha e colegas do AE da Caparica, que criaram uma página Instagram gerida através de um grupo WhatsApp e “ainda tem muito para crescer”. Quem cresceu foram os alunos do 12º Ano do AE de Oliveira do Bairro, então já no Superior. Criaram o podcast ‘Radiolendo’ e passaram mensagem nas 11 escolas do agrupamento. E foi esta a mensagem breve de nove dos cerca de 30 projetos desenvolvidos em 40 escolas.

NOVIDADES

A 16 de setembro de 2019, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, realizou-se o encontro para apresentar o balanço do projeto-piloto, realizado no ano letivo 2018/19, com a participação de responsáveis políticos e operacionais, formadores, formandos e alunos. (Veja o programa)

PORTFÓLIO E APRESENTAÇÕES